sexta-feira, 30 de junho de 2017

VIRTUAL X PRESENÇA

Confesso que não me acostumo ao mundo virtual de hoje. Concordo que as redes sociais dependendo de seu uso são uma ferramenta fantástica. Permitem encontrar pessoas que há anos não vemos, permitem manter contato com pessoas que estão longe, além de muitas outras coisas, como informações, transmissão de conhecimentos, cursos on-line e assim por diante. Porém, não gosto da falta de presença que o este mundo acaba gerando. 

O Whats é outra ferramenta que se por um lado facilita e não tem custo, por outro nos tira o prazer de uma boa conversa que ao telefone é possível. Mesmo chamando pelo whats não é a mesma coisa, há cortes e ecos. 

Fico me perguntando o que acontece? porque as pessoas estão optando por escrever, tudo resumido e usando códigos de internet ao invés de ligar, de ir até a pessoa? Todas estas ferramentas de tecnologia, que não deixam de ser fantásticas e de oferecer muitas possibilidades que não tínhamos antes, acabam virando a forma de contato e comunicação mais usada. E isto é lamentável. 

Tenho observado isto há tempos. Alguns exemplos

- Eu fiz a faculdade de Filosofia através do virtual, mas havia uma vez a cada 45 dias onde tínhamos que ir fazer uma avaliação presencial. Chegava lá e o que via? todos que estavam aguardando trocando mensagens pelo celular. Por que não aproveitavam para conhecer os colegas do curso? falar sobre o que achavam? Trocar informações? 

- Tenho amigos que antes me ligavam ao telefone e agora só usam o whats para falar comigo. Fico profundamente triste com isto. Quero ouvir a voz da pessoa, a entonação, ouvir a emoção do que se diz. 

- Moro em um condomínio, e quando há algum problema com um morador ao invés de usar o interfone para comunicar a reclamação ou solicitação, colocam no grupo, e isto dá margem para muitos palpites e comentários que não eram necessários, gerando algumas vezes até mesmo um clima hostil entre os moradores. Por que fazer assim? 

- Antes quando íamos a um médico, dentista, ou qualquer outro lugar onde havia uma sala de espera podíamos conversar com as pessoas. Hoje, a maioria está no celular, no facebook ou no whatss. 

- Se por um lado é prático enviar um whats, por outro lado tira o contato com a pessoa. Porque sinceramente, eu não consigo aceitar alguém que me diga que está em contato comigo porque me manda mensagens todos os dias, aliás, a maioria são aquelas que só se compartilha. 

- E o pior, as pessoas tornaram-se dependentes do Curti!! e agora querem o Amei!! Que para mim pode ser sincero sim, mas na maioria das vezes as pessoas nem leem o que está escrito, só curtem porque conhecem a pessoa. 

Que a tecnologia seja utilizada como ferramenta no trabalho, nas trocas de informações rápidas, acho excelente, mas mesmo assim.... a possibilidade de se manter este "contato" permanente só aumenta a pressão e as cobranças. Além do que as pessoas perdem o senso de horário, mandando mensagens de trabalho à noite ou no fim de semana. E se você não for uma pessoa que consegue se desligar disto, vai gerar ansiedade e você vai ficar se cobrando, que deve atender, ou responder. E não deve, do contrário fica ligado 24 horas no trabalho e isto é ruim, além do que sua saúde vai ser afetada. 

Agora, a pior cena de todas que canso de ver: você vai a um restaurante para almoçar ou jantar com a família ou amigos, e o que acontece? o celular que não para de enviar mensagens e a pessoa respondendo a todas. Você olha em volta e nota muitas pessoas com os olhos fixos no celular, e uma ou outra triste, olhando para aquelas pessoas com vontade de gritar: Pare!! eu estou aqui sabia? 

Assisti recentemente uma reportagem no Globo News sobre o Japão, onde os jovens não conseguem mais se relacionar com o sexo oposto. Pior, não sentem desejo sexual nem vontade de fazer sexo com outro ser humano. Tudo é virtual ou bonecas. Contratam pessoas para passear e pegar na mão delas, e tem uma imensa dificuldade para fazer isto.

Por mais que eu seja uma pessoa inovadora e gosto sim de mudanças e novidades, também mantenho um lado preservado que chamam de conservador e eu de valores e princípios, e pense que realmente teremos um mundo diferente do que conheço, com outra linguagem, que os jovens estão criando, não consigo gostar do que vi no Japão.

Eu não sei se as pessoas tem medo de se relacionar, medo de afetos, ou de ter sua vida pessoal invadida, ou se acostumaram tanto com o virtual que já nem se dão conta do que fazem. Mas vejo muitos se queixando de solidão, de que estão deprimidos, ansiosos, então acho que é hora de se questionar por que? 

Antes sim tínhamos que preservar nosso espaço, porque eram tantos convites, vizinhos indo e vindo, amigos chegando, chamando, que chegava um momento que tínhamos que dizer me dá um tempo, preciso ficar sozinha um pouco. Hoje é o contrário, temos que fazer um imenso esforço para conseguir bater um papo com o vizinho, ver os amigos, estar com os outros mas em contato com estes outros. A cada dia fica mais difícil criar laços e amizades. Ok, amigos sempre serão poucos, os verdadeiros, mas pelo menos conhecidos e colegas com os quais interagir. 

Acho que vale a pena uma reflexão, e uma tentativa de abrir um pouco mais de espaço aos relacionamentos presenciais. Estar presente!!! Ter foco, vivemos dispersos. 

imagem retirada do google. 


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