quarta-feira, 31 de maio de 2017

VÊNUS DE WILLENDORFT



Assim que retomei o atelie a primeira coisa que fiz foi uma Vênus de Willendorft em argila. 

Queria que ela fosse simbólica no atelie pela fertilidade, ou seja, o criar, produzir, dar à luz, e por ser um simbolo da mulher. 

Foi um processo interessante, após anos sem fazer nada que se relacionasse com arte, pintar, desenhar ou modelar a argila confesso que gostei do resultado. Agora ela fica pendurada na parede do atelie. 

E gosto muito dela por ser um simbolo de uma mulher que não responde aos estereótipos de beleza que são impostos hoje à mulher. Ela é cheia, gorda, não é um corpo magro e escultural, é um corpo para criar, para gerar, não para obter o olhar do outro mas para dar luz ao outro. 

A que foi encontrada em 1908 na Áustria tem datação de 25.000 a 20.000 a.C. Ela representa a imagem feminina, com a vulva, os seios e a barriga volumosa. Esta escultura não tem pés. o que leva a pensar que se trata de um amuleto. 

Eu a vejo como uma mulher calorosa, que aconchega, mas que ao mesmo tempo é forte, plena. Por isto a escolhi para ser a primeira peça e também para estar presente no atelie. E a fiz da forma mais simples, rústica. Modelei o barro com as mãos com uso de estecas. Deixei secar naturalmente e assim ficou com uma cor de barro seco. Era isto que eu queria, algo feito à mão e naturalmente. 

O prazer de se modelar, dar forma ao barro com as mãos é algo que não tem preço. Você vê surgir aos poucos diante de você o que tem na mente. Isto é criar, gerar, isto é fertilidade. 

E não se atenham à perfeição. O que é feito à mão nunca será perfeito, não é isto que se busca, mas algo que apreciemos, que nos fale e que fale ao outro. Então qualquer um de nós pode fazer, criar algo com argila. Quando éramos crianças fazíamos isto e sem se importar com perfeição e sempre gostávamos do resultado. Infelizmente perdemos este lado infantil que nos nutre, que gera curiosidade, que no move, que nos leva a fazer coisas, quando nos tornamos adultos. Mas esta criança continua lá, vamos resgatá-la e deixar que brinque muito, que faça coisas, que descubra, que se atreva a fazer sem medo. E o maior prazer está no processo, no ato de criar. Nada como sentir o barro nas mãos, e ir moldando algo aos poucos. 








Nenhum comentário:

Postar um comentário