terça-feira, 30 de maio de 2017

SÓROR JUANA INÉS E SANTA TERESA D'ÁVILA


Nos últimos dias assisti uma minissérie sobre Sóror Juana Inés e um filme sobre Santa Teresa D'Ávila. Ambas me interessam e muito pelo aspecto do feminino.

São duas vozes extremamente femininas, ambas são religiosas, ambas viveram no período da Inquisição, ambas eram fortes, determinadas e feministas, mas mas ambas falavam pelo feminino. 

Juana Inés viveu no México nos anos 1650 sob a colonização Espanhola e Teresa viveu na Espanha nos anos 1500. Ambas eram letradas, liam muito, estudavam e escreveram livros. Mas há uma diferença que me chama muito a atenção. 

Juana nunca teve vocação religiosa, era uma jovem bastarda que após ser expulsa de casa pelo Tio precisou ir para a Corte do Vice Rei da Espanha para sobreviver. Devido seu amor ao saber acaba se vendo obrigada a ir para um convento para poder ler e estudar. Teresa ao contrário, tem esta vocação religiosa, e se entrega de corpo e alma à Cristo. Teresa era uma mística, Juana não. Mas ambas escreveram poemas eróticos e ambas são barrocas. Teresa em profundo êxtase com seu amor por Cristo e Juana por amor humano. 

Ambas foram brilhantes e nos deixaram poemas lindíssimos, escritos na linguagem feminina. 

Confesso que nunca fui muito chegada a ler poesia. Dias atrás li em algum lugar que foi justamente pela busca da razão, da civilização da cultura que a poesia foi relegada já que ela representa a alma, o profundo, e então isto me alertou. Somos educados e criados em uma sociedade que despreza o emocional, o feminino, o relega a coisas românticas e subjetivas, coisas aos quais não se dá muito valor. Esta constatação em mim mesma me reaproximou da poesia como algo que devemos ler e muito. Somente a poesia nos fala à alma, é capaz de dizer coisas que não conseguimos dizer. 

Muitos disseram que após Auschwitz não seria mais possível escrever poesia. Mas foi justamente pela poesia que Paul Celan conseguiu falar do horror que viveu com os nazistas e nos campos de concentração.  

Comecei a reler a biografia de Juana Inés escrita por Octávio Paz - Sóror Juana Inés de la Cruz - As armadilhas da fé. Quero ler o livro de Julia Kristeva sobre Teresa - mon amour (meu amor). Voltarei várias vezes a falar delas aqui. 






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