domingo, 10 de julho de 2016

RETORNO AO BLOG

Faz mais de um ano que não escrevo neste Blog. Muitas coisas aconteceram neste período em minha vida, mas também no mundo. Eu havia retomado uma vida de estudos que acabou se tornando estressante, principalmente porque eu tinha que pegar uma rodovia para ir e voltar, já que optei por morar em uma cidade menor. Até o dia que sofri novamente uma crise de pânico sem nenhum motivo aparente. Foi o basta! momento de rever minha vida. 

Compreendi que a melhor forma de lidar com ansiedade não é um remédio, mas sim mudando sua vida. E foi o que fiz e passei a chamar de Viver Melhor. Além disto, como estou com 55 anos começo a criar uma vida que me seja prazerosa na velhice também. 

Hoje busco uma harmonia entre o profissional, o intelectual e o que chamo de vida orgânica, voltada para um aspecto muito mais feminino que atualmente é criticado principalmente pelas feministas, mas que de modo algum é somente feminino, o que quero dizer é que temos em nós aspectos femininos e aspectos masculinos, não importa o sexo biológico. 

Percebi que minha se tornou muito mais rica, criativa, e tranquila. Continuo trabalhando, tenho o privilégio de poder trabalhar em casa, mas passo o dia no telefone, computador, skype e WhatsApp, o que ainda representa este mundo tecnológico atual, onde resta pouco tempo para si mesmo, e onde as pressões são constantes. Eu tinha que contrabalançar isto. 

Foi então que decidi transformar minha casa num lar aconchegante, caloroso, quente, com cheiros, cores, que tivesse meu jeito. E mais, que fosse feito por mim. Não se trata de olhar sites ou lojas para comprar, pelo contrário, trata-se de criar, fazer. 

O que chamo de vida melhor é quando podemos cuidar, criar, amar, produzir. 

Decidi fazer um jardim, mas do meu jeito, com minha cara, eu tinha que estar refletida no jardim. Uma horta com legumes, verduras e ervas. Quando estou tensa vou para fora, coloco os pés descalços no chão, ou então mexo na terra diretamente, e chamo isto de meu fio terra. Descarrega. Sem remédio algum. Um jardim, uma horta nos ensina muito sobre a vida e o viver. 

Cozinhar é uma arte, mas aqui falo da cozinha não da gastronomia. Cozinhar com amor, com cuidado, para aqueles que amamos, para nós. O cheiro e o calor da cozinha se esparrama pela casa. A gastronomia é uma ciência, a cozinha é uma arte. 

Criar com as mãos, bordar, tecer, costurar, pintar, cerâmica, tricotar, seja o que for, mas criar as peças que compõem a casa, para presentear os amigos, até mesmo como fonte de renda. 

Viajar, é o momento de conhecer, aprender, viver novas experiências, trazer coisas para a casa que tenham uma história sua da viagem, copiar ideias, observar, sentir, provar. Não precisa nem ser longe, os passeios também são importantes. Observar o mundo ao invés de passar correndo por ele como normalmente fazemos. Não vemos aquela casa antiga linda, não vemos uma árvore imensa que deve ter muitos anos, não vemos o céu, não vemos as pessoas. 

O bricolage , fazer nós mesmos o que é possível. Sim, podemos pintar o murro, a grade, podemos nós mesmos construir coisas, arrumar. 

Cuidar de animais . Eu tenho uma labradora e uma sem raça definida, que recolhi na rua, mas que é uma grande alegria. Quantas vezes em minha solidão elas estavam ali, me olhando, e que olhar!!! Mas não precisa ser animais nossos, há pássaros e podemos cuidar deles, com água, quirera, ou plantar o que eles gostam. Nada é mais relaxante do que acordar com o canto dos pássaros, olhar o beija-flor coletando pólen, as borboletas. 

A fotografia para quem gosta, não as grandes obras de arte que são belíssimas, mas fotografar o que é importante para nós, detalhes, ideias, o que vemos, pessoas, paisagens. 

Continuo gostando muito de ler e de cinema. Ir a um teatro, um concerto, passear num parque, ver uma exposição, fazer um curso rápido. 

São tantas opções que esquecemos, negligenciamos, e ficamos reclamando da solidão, do dia feio, do dia com sol e que não tem o que fazer. Vivemos num mundo em plena transição, não sei o que virá a ser, mas às vezes sinto que já não me encontro nele, que não consigo acompanhar tantas inovações tecnológicas, mudanças. Mas será que tenho que fazer isto? Preciso entrar no comboio e ir junto? Vejo tantas pessoas que se sentem sós. Mas não vejo fazer algo para não se sentir assim. No fundo nascemos e morremos sozinhos, temos uma família, amigos, mas somos sós neste mundo, cabe a cada um de nós encontrar uma forma de viver e de preferência viver melhor. 

Este blog foi criado para isto, para o aprendizado, para alimentar a alma, não o intelecto. Retomo para contar meu percurso nesta escolha. 






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