segunda-feira, 24 de julho de 2017

O PRAZER DE MORAR EM CIDADES PEQUENAS


Esta é a vista que tenho de minha varanda. Isto é uma benção. As árvores, as araucárias, ao fundo a serra. O balão, em dias claros nos fins de semana sempre tem balões passando. É um passeio que sai dos Campos Gerais. 

O por do sol é algo maravilhoso visto de minha casa. As noites de luar, sem falar nos pássaros, até mesmo uma coruja branca já vi no meu murro. 

No inverno é mais frio, não tem prédios que segurem o vento, e ele "canta" aqui. Quando tem temporais o trovão é mais forte. A geada deixa tudo branco. Quando tem arco iris é lindo. Podemos respirar, e encher os olhos com esta vista. 

Faz 04 anos que optei sair de uma capital e retornar para uma vida mais interiorana. Não me arrependo em nenhum momento. E esta cidade que escolhi fica a apenas meia hora da capital. Muitas pessoas que moram aqui trabalham em Curitiba e vice versa. Continuo tendo acesso a tudo que uma cidade menor não ofereceria, como teatro, shows, museus, exposições e cinema com filmes mais cults, apesar de termos aqui também um bom teatro e até um festival e escola de teatro, temos um museu e exposições, e feiras da mulher e da porcelana. 

Eu sempre amei a vida no campo, o rústico, os sítios, as fazendas, os bosques, as florestas. E como fizeram falta, apesar de que Curitiba tem uma grande diversidade de parques e ainda mantém imensas áreas verdes. 

Campo Largo é a terra das cerâmicas, brancas ou de terracota. Também é a terra da porcelana. As cerâmicas não são industrializadas, são sítios, barracões com um ou dois fornos. Geralmente é a família quem trabalha ali. Você tem contato direto com o dono. A porcelana já é industrializada. 

Há muitas colônias em volta, sítios e chácaras. Você pode ir e comprar ali mesmo, e mais, pode colher o que quer. Queijos feitos em casa, leite de vaca puro, pães pretos, manteiga e nata. Todo sábado tem uma feira no centro da cidade dos colonos. 

Você vê pessoas à cavalo na cidade. Tem muitas festas de Santos nas diversas igrejas das colônias em volta da cidade. 

Mas é uma cidade que oferece coisas sofisticadas também. Tem excelentes confeitarias, restaurantes, lojas muito boas e em breve terá um shopping, o que eu pessoalmente não faço questão, mas enfim.... E possui uma dos maiores hospitais da região. Muitos vem da capital para este hospital. É moderno e muito bem equipado. Temos excelentes médicos aqui e todo mês passam na minha casa as moças do SUS para ver se estou bem. 

A cidade oferece algo que aprecio muito. Não tem características da cidade grande, mas também não é tão provinciana onde o povo controla tudo, sua vida e a vida social. É um meio termo, talvez por estar bem próxima de uma capital.

Fica a 25 km de Curitiba e como é triste ouvir pessoas dizendo que moro no mato. O desprezo pela opção por uma vida mais calma, menos estressada, sem aquele trânsito da capital, sem a correria, as filas, sem o estresse dos outros. Aqui vou ao Detran na hora do almoço e resolvo tudo em 10 minutos. Vou ao Banco do Brasil pagar o licenciamento do carro e tem duas ou três pessoas na frente. Vou ao INSS e sou atendida no horário agendado. Quanto tempo ganho em minha vida com isto?

No supermercado ainda há garotos que levam a compra até o carro. E o que mais me surpreendeu, a caderneta para marcar o que você comprou. Nada de fichas, documentos, aprovação de crédito. Existe uma confiança no outro que já não há em grandes centros urbanos. Foi logo quando cheguei que vi isto a primeira vez, precisava de uma antena para a TV e fui num sábado olhar e disse que iria voltar durante a semana depois que recebesse. O que? e vai ficar sem TV no fim de semana? não, to mandando o técnico daqui a pouco na sua casa para instalar, depois você passa aqui e me paga. Não tive que assinar nada. Há várias lojas que funcionam ainda com a caderneta, anotam no caderno o que você levou. Só pedem teu telefone. E eu aprendi a confiar novamente nas pessoas.

Hoje faço Santas e as deixo no local combinado, passo lá depois para pegar o dinheiro que a pessoa deixa. Às vezes levam as Santas, e depois deixam o dinheiro. Não conheço os clientes, apenas de falar no telefone. Pego ração para as cachorras e eles anotam num papel, depois passo e pago. Claro, há calotes aqui também, mas as pessoas primeiro confiam.

Tem pessoas que não vem me visitar aqui, querem que eu vá para a "civilização". Este preconceito que várias pessoas tem em relação às pessoas do interior é algo triste e eles não sabem o quanto é muito melhor viver longe das cidades grandes. A qualidade de vida é muito superior. É muito mais saudável tanto para o físico como para a mente e o psiquismo.

Acordo com passarinhos cantando e aliás, me aguardando, porque todos os dias de manhã eu os alimento. Chegam a pousar na minha janela e me olham quando acontece de eu demorar. Ficam pousados no fio elétrico me aguardando. O sol bate na casa toda, não há sobrados ou prédios grudados. O cheiro do ar é do mato, da natureza. O único barulho estridente que temos aqui são os quero-quero, que vivem dando seus gritos, inclusive no meio da noite, principalmente se estiverem com filhotes.

Sou muito mais feliz morando aqui, olhando esta natureza a minha volta que me enche os olhos, me traz paz. A natureza é algo que nos renova, dá energia, disposição e ao mesmo tempo acalma. Valeu a pena mudar para cá. 

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