quarta-feira, 26 de julho de 2017

AS AVÓS

Hoje, dia dos avós, aproveito para falar destes seres tão especiais e importantes em nossas vidas.

Feliz é a criança que pode ter contato em vida com seus avós, infelizmente muitas só os conhecem de fotos, mas as histórias que contam sobre eles ficam registradas e são de vital importância. Eu só conheci meu avô materno, os outros já haviam falecido. E o vi pouco, ele morava na Bélgica e eu aqui no Brasil. Mas mesmo assim guardo lembranças dele que são muito importantes e que não vou esquecer jamais. Mas minha avó paterna tem uma história incrível e é justamente com ela que me identifico. Por aí podemos ver como as histórias contadas sobre eles são de suma importância. 

Quando falamos de avôs sempre nos vem uma imagem de velhinhos de cabelos brancos. De um avô que ensina a pescar, cuidar do jardim, que faz um balanço no quintal para nós e de uma avó que faz quitutes deliciosos, nosso bolo preferido, tricota blusas, e nos dá presentes além daquele colo maravilhoso de avó. 

Mas atualmente os avôs mudaram, muitos ainda são bem jovens, estão em pleno vigor de suas vidas, trabalham, viajam. Alguns estão separados e se casaram novamente, outros namoram. Meu neto costumava apontar para os aviões e dizer - vovó. Quando ele era pequeno eu ainda trabalhava na hotelaria e viajava muito. Quando ele nasceu eu tinha 41 anos. Fui mãe muito jovem. 

Esta situação muda um pouco a relação com os avós que já não estão disponíveis o tempo todo e levam uma vida ativa, mas por outro lado enriquece a relação por estarmos no mundo vivenciando o mesmo que eles. O importante é conseguir aquele tempinho para os netos, por mais difícil que seja. 

Costuma-se dizer que avós estragam a criança. Delícia isto, não precisar ficar educando e poder curtir os netos, brincar, e até protegê-los da bronca dos pais. Mas existe um outro lado muito comum atualmente, onde se vê os avós no papel de pais. Muitos filhos trabalham e são os avós quem cuidam do neto e acabam educando-o. Isto acaba tirando os avós de seu papel fundamental na vida das crianças para transformá-los em pais, e estas acabam tendo duas mães ou dois pais, quando não elegem a avó ou avô como pais e olham para seus pais como irmãos inconscientemente. 

Por outro lado os pais também acabam tendo uma tendência em transformar seus pais nos pais de seu filho. Vivem na correria, mal tem tempo de cuidar da criança, e só estão presentes, quando estão, nos fins de semana. Ou então moram todos juntos, e aí é que o papel de irmãos acaba se consolidando mais, porque os avós já não estão em seu papel normal, mas são eles os donos da casa, os que regem o lar. 

Agora o mais triste são os avós que são deixados de lado, por falta de tempo, por preconceito com a velhice, por darem trabalho. E quando os pais agem assim, a criança também aprende a achar a velhice algo que incomoda e é chato. E todos se esquecem que irão envelhecer também. 

Os avós são fundamentais em nossas vidas, seja pela presença deles ou pelas histórias sobre eles. Nos marcam, nos constituem, são referência, são identificação. Os avós personificam a sabedoria, o amor, o acolhimento, a paz. Nada como um avô ou uma avó quando algo de ruim nos acontece. 

Claro, existem  alguns avós que são difíceis de lidar, são pessoas rabugentas, teimosas, ou então querem ter autoridade sobre tudo e todos se valendo de sua experiência e de ser mais velho. Mas eu ainda acredito que avós assim usam tudo isto como uma defesa, um escudo para se manterem vivos e reconhecidos. Então vale a pena observar melhor a situação e tentar compreender porque estes avós são assim. Talvez tenham dificuldade em envelhecer, se sintam sozinhos ou inúteis, se sintam abandonados. Ou então se sentem sendo invadidos pelos filhos que pensam que eles não são mais capazes de cuidar de si e de tomar decisões. Filhos que acham um absurdo seu pai ou sua mãe quando sozinhos se apaixonarem por alguém nesta idade, que acham que pai e mãe são assexuados e devem ficar quietos em casa vendo TV ou tricotando. 

Também temos pais que afastam seus filhos dos avós. Não os levam para visitá-los, não os convidam, vivem falando mal deles, e isto é tremendamente prejudicial para a criança que precisa deste entorno e referências, além do amor dos avós e de amá-los. 

O nascimento de um neto é algo inexplicável. Parece que sai de nós também. É uma prolongamento, uma extensão de nós mesmos. A emoção é muito forte e aquele pequeno ser que acaba de vir ao mundo, nós o sentimos como saindo de nossas entranhas. Nos apaixonamos, amamos, e sentimos que valeu a pena viver, que ali está nossa continuidade, a herança que deixamos e que irá se perpetuando através das gerações vindouras como os bisnetos e assim por diante. 

E vale lembrar aqui agora os Bisavós, Tataravós e do quanto estas pessoas fazem parte de nós. Também nascemos deles e somos parte deles. Os carregamos em nós, temos suas histórias em nós. 

Esta foto é da minha tataravó Matchuli, referência até hoje para toda minha família materna. 

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