terça-feira, 18 de julho de 2017

AS AMIZADES FEMININAS

Fico sempre me perguntando por que é a mulher a maior inimiga da outra mulher? Vejam bem, de onde vem as maiores críticas que recebemos? 
- Você precisa fazer um regime
- Você precisa pintar o cabelo
- Você precisa colocar botox
- Você precisa....... 
E assim vai. 

Além disto em geral as mulheres comentam com as outras e principalmente com os homens suas críticas às outras mulheres. Normalmente é uma mulher que irá condenar, criticar, ridicularizar a outra em primeiro lugar. 

Por que tem que ser assim? Que competição é esta? Ao invés de serem unidas, solidárias, criarem uma conexão entre as mulheres. 

Historicamente isto vem do patriarcalismo que tratou de isolar a mulher no lar. A religião que confina a mulher ao casamento e à criação de filhos. Toda uma norma social onde o homem é para a rua e a mulher para a casa. A divisão entre a mulher dita direita e a outra, a prostituta. Vem de uma época onde a mulher ou casava, ou entrava para um convento, ou em último caso ficava em casa para cuidar dos pais idosos e era conhecida como "tia". Ficou para tia. 

As coisas mudaram, a mulher conseguiu direitos, foi trabalhar fora, se emancipou, adquiriu independência financeira, e hoje é na maior parte dos lares a provedora. Mas então? porque seu relacionamento com as outras mulheres continua preso neste sistema patriarcal e machista? 

Até que ponto então nos emancipamos? nos tornamos independentes? Ainda queremos o marido, o homem que cuide de nós? a nova linguagem vai dizer que não, que queremos um companheiro. Sim, mas a conquista deste companheiro ainda se baseia na extrema competição com as outras mulheres. E isto é insegurança, falta de amor próprio, medo de ficar para tia. 

Fico observando, os homens costumam ter um grupo de amigos que se encontram, seja no futebol, seja no boteco, um grupo que viaja junto e assim vai. Agora as mulheres, onde estão os grupos das mulheres? Tenho visto alguns, mas o que percebi é que a maioria destes grupos é formado pelas esposas do grupo dos homens. E olha, dá confusão! e o pior, as mulheres brigam, se separam, mas os homens continuam amigos. 

O que vemos são grupos de mulheres que trabalham juntas ou na mesma área que vez ou outra se reúnem para um café, um almoço, um happy hour. Mas a partir do momento que uma delas saia do trabalho ou da área, ela se afasta do grupo ou é excluída do grupo. 

Eu já tentei formar grupos de mulheres. Mas o que ocorreu foi que logo uma se desentendeu com outra, e começou a boicotar as reuniões. Se fulana for eu não vou. Ou então até ia, mas ficava de cara feia e dando espetadas na outra. Parece que temos que ter amigas, mas não podemos juntá-las. Vai dar encrenca, uma não vai gostar do jeito da outra. Agora, os homens fazem isto? só se o cara for muito chato e ainda assim são capazes de levar na brincadeira e aturar o cara. 

Claro, existem grupos de mulheres que se mantém, são mais difíceis de encontrar, mas não é inviável. A mulher tem uma tendência a se unir a uma amiga, e tem ciúmes de todas as outras que se aproximam, são rivais, e estas amigas são para desabafar, para falar de seus problemas e dúvidas, e algumas vezes para se divertir. As mais jovens até tem um grupinho para as baladas, mas assim que uma delas começa a namorar se afasta do grupo. Já o homem vai continuar dando um jeito de encontrar seus amigos. 

O que é raro é um grupo de mulheres que se conheceu quando solteiras e se mantiveram unidas e juntas por toda uma vida, encontrando-se, reunindo-se. Acompanharam a vida uma das outras, os filhos, os casamentos, mortes, doenças, e fizeram muitas coisas boas juntas. Apoiaram-se, nutriram-se, estão presentes em qualquer momento. 

A mulher tem normalmente o que chama de amiga íntima, já o homem não tem o amigo íntimo, ele tem amigos em quem confia, com os quais pode contar quando precisa. 

Penso que precisamos mudar isto, tentar nos libertar destes velhos grilhões impostos e procurar olhar a outra mulher como amiga, não como uma rival com a qual tenho que competir. Estar presente na vida de uma amiga para ajudar, acolher, não para fazer críticas. 





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